Mulher mais
idosa do Piauí tem orgulho de ter ajudado no nascimento de mais de 200 bebês,
a mesma é natural de Boqueirão do Piauí.
A
mulher mais idosa do Piauí, Isabel Lúcia, que comemorou seus 108 no dia 10 de
maio de 2012, anda com segurança dentro de sua casa na cidade de Boqueirão do
Piauí (125 km de Teresina PI) e no quintal de sua residência cheio de árvores que plantou ao longo
de décadas. Sua visão permite que distingue os objetos e as pessoas, que
reconhece com facilidade pelo porte e pela fala e que ainda trabalhe como
benzedeira usando ramos que plantou ao lado da residência para curar dores de
barriga de crianças e mau olhado, já que no interior do Piauí há a crença que
de uma pessoa possa adoecer uma criança bela e saudável.
Lúcida, Isabel Lúcia
conversa horas sobre a vida que levou, cercada dos 16 filhos que teve, sendo
que 13 ainda estão vivos.
Isabel nasceu no povoado em
São Félix, no município de Boqueirão do Piauí, e seu mundo era a roça. Filha de
agricultor, Isabel teve um história precoce. Aos sete anos estava trabalhando
na roça com os pais.
“Eu nasci trabalhando de
roça. Comecei a trabalhar quando era deste tamanho. Meu pai só tinha filhas
mulheres e coloca todas para roçar, pegar na enxada”, fala Isabel Lúcia, ao
mostrar com as mãos o tamanho que tinha aos sete anos de idade.
Isabel Lúcia conta que com o
passar do tempo não tem mais nenhuma irmã viva, nenhum cunhado vivo, nenhuma
cunhada vica e conclui: “Só tem eu da minha família”.
Ela toma banho sozinha, se
verste sozinha e as filhas e netas acordam cedo para retirar as roupas de
dentro da casa porque Isabel Lúcia faz questão de lavar as próprias roupas e a
família acha que é perigoso, que pode cair.
Essa vitalidade para quem
nasceu há 108 anos é quase uma atração turística em Boqueirão do Piauí. Jovens
e adultos entram em sua casa para saber como é possível viver tanto tempo de
forma lúcida, com energia e memória prodigiosa.
“É só por Deus do céu, que
me dá licença. Eu não faço nada mais para viver, é só a licença de Deus e Nossa
Senhora. É Deus que dá a licença de viver”, fala Isabel Lúcia, que não fumou,
nunca consumiu bebidas alcoólicas.
“Para se viver muito tem que
se trabalhar muito, andar muito. Eu trabalhei muito porque tinha esse horror de
filhos. Na época, tudo era difícil e trabalhava como burro de carroça, Em
sempre trabalhei muito com meu marido, enfrentamos dificuldades, mas nunca
aluguei um filho, ficaram todas dentro de casa”, diz Isabel Lúcia, que anda com
uma bengala feita de uma vara resistente.
De São Félix, Isabel Lúcia
se mudou para a localidade Pombas, onde se casou aos 12 anos com um lavrador de
20 anos. Ela recorda que o namorado pediu sua mão em casamento ao pai. Fala que
o marido era um jovem bonito e no início do século passado o namoro de
restringia ao casal conversar afastado e, no máximo dançar, sendo observada
pela mãe ou por uma mulher da confiança dos pais.
“Eu casei porque realmente
queria viver com meu namorado, não foi nada forçado. Nós namoramos, dançávamos.
Eu chequei a namorar, mas com ele o namoro foi para casar, casei e com 16 anos,
eu tive meu primeiro filho”, declarou Isabel Lúcia.
Ela se orgulha pelo fato de
“nenhum médico ter tocado” em seu corpo durante os partos de seus filhos.
“Nunca um médico me alisou,
graças a Deus”, falou Isabel Lúcia.
Fala que na época quando a
mulher tinha filhos não ia mais para a roça, mas apenas cuidando das crianças e
vendia tucum para ajudar no orçamento doméstico. “Naquela época dava muito
legumes porque os invernos eram bons”.
A visão de paraíso foi
violentamente alterada com as secas de 1915 e 1933, quando sua família comeu
coroatá, uma fruta resistente à seca e com folhas com espinhos.
“Não tinha milho, não tinha
feijão, as pessoas iam embora durante as secas. Não se tinha nada, as águas
eram difíceis e só comida braba. Tinha uma cacimba que era perto e fornecia
água”, declarou Isabel Lúcia.
Ela nunca votou porque
quando as mulheres não votavam apenas os homens. Isabel Lúcia nunca tirou seu
título eleitoral e nunca votou. “Quem votava era meu marido. Antes, as mulheres
não votavam e quando votavam tinham que saber ler e escrever e em nunca aprendi
nenhuma das duas. Não tinha essa arrumação de mulher votar, não só homem ”,
falou Isabel Lúcia.
“Todo mundo era pobre, a
riqueza só começou com Fernando Henrique e o Lula”, diz Isabel Lúcia.
Isabel Lúcia chega aos 108
anos sem saudades do passado. Ela diz que os habitantes de Boqueirão do Piauí
sempre foram pobres e a riqueza só começou com a chegada dos presidentes
Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, e Inácio Lula da Silva (PT).
“A fortuna chegou quando
Fernando Henrique Cardoso e Lula entraram. Foi quando as coisas melhoraram e
enricaram o povo”, falou Isabel Lúcia.
“Quando eu nasci e cresci,
as coisas não eram boas, todo mundo era muito pobre. Agora as pessoas estão
ficando ricas, as mulheres~escolhem seus maridos, são quem convidam os homens
para namorar, trabalham, ganham seu dinheiro. No meu tempo, meu pai trabalhava
para os outros por um cruzado, torando paus dessa grossura no mato para fazer
cercado para as pessoas ricas. Agora o trabalho mais pesado é fazer cerca de
arame. O trabalho é mais pouco, as crianças recebe, bolsas para estudar. Nem dá
para comparar”, falou Isabel Lúcia.
“Não sinto falta dos tempos
atrás, agora está melhor. Naquele tempo, eu sofria muito, sofria muito de
precisão porque não tinha nada e tinha muitos filhos”, diz Isabel Lúcia,
acrescentando que sempre viveu em “chapada feroz” e a única cidade grande que
conhece é Teresina PI.
FONTE: http://www.meionorte.com/efremribeiro
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