Por determinação do governador Luiz Fernando Pezão, as
despesas com o traslado e o sepultamento do corpo do menino Eduardo de Jesus
Ferreira será no município de Corrente-PI. assim como a viagem dos pais, serão arcadas pelo governo do estado. Técnicos da Secretaria estadual de Assistência Social prestam
assistência e dão amparo psicológico à família do menino morto na quinta-feira
(02/04/2015), no Complexo do Alemão, na Zona Norte, durante uma operação policial,
informou na noite desta sexta-feira 3) o governo do estado.
Na tarde desta sexta, moradores iniciaram um protesto
que resultou em confronto com policiais militares. Para tentar impedir que os
manifestantes alcançassem a Estrada do Itararé, principal via da região,
policiais chegaram a usar bombas de efeito moral e spray de pimenta.
Manifestantes reagiram atirando garrafas e colocando móveis nas vias como
barricadas.
Pezão e a secretária de Assistência Social, Teresa
Cosentino, conversaram com o pai de Eduardo, nesta sexta.
“Estou profundamente consternado. Conversei com o seu
José e me coloquei à disposição da família para ajudar a abrandar a dor no
coração dele e da mãe. Determinei a funcionários do Estado todo o empenho no
auxílio à família que vive uma dor inimaginável. Pedi também o máximo de rigor
e celeridade nessa investigação. A morte do Eduardo não ficará impune. Não
podemos perder nossas crianças de maneira brutal”, afirmou Pezão.
A doméstica Terezinha Maria de Jesus, de 40 anos,
afirmou na manhã desta sexta que não quer mais ficar no Rio de Janeiro após a
morte do seu filho, Eduardo. Em entrevista ao G1, ela disse que quer enterrar o filho
no Piauí e, em seguida, se mudar.
“Quero tirar o meu filho daqui, quero
enterrar no Piauí. Vou levar o corpo do meu filho para o Piauí. Vou voltar [ao
Rio] porque eu quero justiça e depois eu vou embora para lá. Não quero ficar
nesse lugar maldito, eu vou sair daqui”, afirmou.
O garoto foi baleado na porta de casa e
morreu na hora no fim da tarde da quinta-feira (2), no Conjunto de Favelas do
Alemão. Terezinha diz que um policial fez o disparo. A
Divisão de Homicídios da Polícia Civil investiga o caso. com ajuda da
Coordenadoria de Polícia Pacificada. Os policiais envolvidos na operação foram
afastados das funções nas ruas, tiveram as armas apreendidas e já respondem um
Inquérito Policial Militar (IPM).
Para Terezinha, voltar para casa é muito difícil porque
tudo faz lembrar o menino Eduardo.
“Passei a madrugada na casa da minha vizinha. Só passei
em casa para pegar o documento dele para ir no IML. Eu não quero mais voltar
pra aquela casa, tudo me lembra ele. É muito difícil”, disse Terezinha, muito
emocionada.
A Polícia Civil informou, nesta sexta, que foi
instaurado um inquérito para apurar as circunstâncias da morte de Eduardo. Uma
perícia foi realizada no local, e os familiares da criança foram ouvidos. Os
policiais militares envolvidos no episódio serão chamados para prestar
depoimento. As armas apreendidas serão levadas para confronto balístico.
De acordo com a PM, Um Inquérito Policial Militar (IPM)
foi instaurado e as armas dos policiais apreendidas pela Polícia Civil.
PAI DIZ QUE ATO FOI 'COVARDIA'.
O pai do menino afirmou, na manhã desta sexta, em
entrevista à GloboNews, que os policiais atiraram a uma distância de cerca de
10 metros do menino. “Meu filho não merecia ser morto da maneira que ele
morreu. Um inocente que tinha 10 anos de idade, era estudioso, todo dia estava
no colégio dele e tinha muitos sonhos. Era uma criança muito bacana, para mim
era tudo na minha vida. A polícia entra sem saber trabalhar. Como ele falou que
era filho de bandido, atirou no meu filho na maior covardia. Atirou na cara do
meu filho a uma distância de 10 metros, no máximo, por trás das costas do meu
filho ainda”, afirmou o pai.
Eduardo de Jesus Ferreira iria começar um curso na
Tijuca, Zona Norte do Rio, segundo informações da mãe da criança. “Ele estudava
o dia inteiro, ele ia fazer um curso do Sebrae na Tijuca. Eu matriculei e ele
ia começar na quarta-feira (8), e eles tiraram o sonho do meu filho”, afirmou.
Na quinta, Terezinha, que tem outros quatro filhos,
repetia que Eduardo queria ser bombeiro. “Tiraram o sonho do meu filho. Tiraram
todas as chances dele. Eu fazia de tudo para ele ter um futuro bom. Aí vem a
polícia e acaba com tudo”, lamentou. “Ele sempre falava que queria ser
bombeiro. Ele estudava o dia inteiro, participava de projeto na escola, só
tirava notas boas. Por que fizeram isso com meu filho?”, questionava sem parar.
MORADORES FAZEM HOMENAGEM.
Moradores do Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona
Norte do Rio, fizeram uma homenagem, na noite quinta-feira (2), às vítimas da
violência na comunidade. Eles acenderam velas, rezam um Pai Nosso e caminharam
pelas ruas do complexo, em ação para lembrar os mortos no fogo cruzado entre
polícia e criminosos.
Segundo o jornal Voz da Comunidade, o ato durou cerca de
30 minutos. Às 9h desta sexta-feira (3), a hashtag #PaznoAlemão estava entre os
destaques do Twitter no Brasil.
OUTRAS VÍTIMAS.
Pelo menos outras duas pessoas foram atingidas por balas
perdidas no Alemão desde a tarde desta quarta (1º) – uma mulher morreu e a
filha dela ficou ferida. No total, além de Eduardo,
outras seis pessoas foram baleadas em dois dias –
três morreram. Há cerca de 90 dias seguidos os moradores do Alemão convivem com
intensos tiroteios.
Pela manhã, uma base da Unidade de Polícia Pacificadora
(UPP), na Rua Canitá, foi atacada. Janelas da unidade, que funciona dentro de
um contêiner, foram quebradas. Segundo o CPP, pessoas não identificadas também
colocaram fogo em uma caçamba de lixo que fica ao lado da unidade. O fogo em um
colchão chegou a atingir uma parte da base.
BANDEIRA VERMELHA.
O Alemão foi classificado como uma área de bandeira
vermelha, onde há resistência do tráfico e risco para a ação da polícia. Por
isso, o Comando de Operações Especiais (COE) foi acionado.
A nova classificação das UPPs foi publicada no Diário
Oficial há duas semanas. As áreas de bandeira amarela são aquelas que ainda
apresentam riscos, mas têm uma tendência de estabilização, e as de bandeira
verde, onde o processo de pacificação é considerado estável.
PUBLICADA POR: Alonso Bisorão.
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