O aeroporto de Cangapara era pequeno para o intenso movimento
de aviões que nele pousavam e decolavam no ano de 1964 e, mais intensamente,
entre 1967 e 1970, quando a Companhia Hidroelétrica de Boa Esperança (COHEBE)
avançava na construção da principal obra estruturante do Piauí.
Duas empresas aéreas – VARIG e Cruzeiro do Sul –, usando
aviões DC-3 e Avro, realizavam voos diários entre Teresina-PI, Floriano-PI,
Crato-CE, Petrolina-PE, Bom Jesus da Lapa, Recife e Belo Horizonte.
A sede da COHEBE funcionava no Recife. A companhia era
presidida pelo coronel do Exército Cesar Cals de Oliveira Filho, já conhecido
do povo de Teresina, pois aqui dirigira, por designação da Sudene, o Instituto
de Águas e Energia Elétrica (IAEE).
Era grande a euforia dos piauienses, graças aos investimentos
do governo federal em obras públicas importantes, a principal delas a
Hidroelétrica de Boa Esperança, iniciada no governo de João Goulart.
Foi em meio a essa euforia que o piloto Raimundo da Costa
Oliveira, mais conhecido como Raimundinho Caboré, tomara a iniciativa de
comprar um Piper Aztec, prefixo CPJ, de seis lugares, que ele próprio fora
buscar nos Estados Unidos, em 1966.
Mas o dia 26 de maio de 1968, um domingo, marcado pelas
comemorações do Desvio II do Rio Parnaíba, entraria, como trágico, para nossa
aviação civil e para o quadro dirigente da COHEBE.
Piloto experiente – então com 46 anos, o único do Piauí que
conduzira um bimotor entre os Estados Unidos e Teresina –, Raimundinho Caboré
fora contratado para transportar administradores e engenheiros do Recife para o
local da grande obra, de onde os conduziria de volta à capital Pernambucana, no
dia 27.
Um outro grupo de dirigentes e convidados da COHEBE usaria,
no retorno ao Recife, um avião que, ao meio-dia de 26 de maio, apresentara
problema mecânico em Guadalupe-PI.
Relembrando o fato, a revista Capibaribe destaca que, naquele
domingo, o comandante Caboré levara Jofre Castelo Branco, então prefeito de
Teresina-PI, ao local do Desvio II do Rio Parnaíba, e lá permaneceria até o dia
seguinte, mas teve seu descanso interrompido por chamamento, enquanto repousava
em sua residência, na cidade de Floriano-PI, para levar diretores da COHEBE à
cidade do Recife.
Um exemplar dessa revista, recentemente enviado ao empresário
Teodoro Sobral Neto, destaca que Ebenezer Furtado Gueiros, de 48 anos, diretor
administrativo da COHEBE; sua esposa, Cleyde Amorim Gueiros, de 42 anos, e seu
filho, João Calvino Gueiros, de 18 anos, além da mineira Maria Pedrina Alves da
Silveira, esposa de Hilton Silveira, um dos diretores da COHEBE, e o coronel do
Exército Luiz Cavalcanti Pereira Castanha, de 42 anos, chefe do departamento
administrativo da Companhia, partiram de Guadalupe-PI com Raimundinho Caboré,
às 14h40, no Piper, todos acertados de que o pouso seria realizado no município
de Caruaru, pois o brevet de Caboré não permitia voos noturnos. Se fosse até
Recife – destaca a revista –, o avião chegaria à noite, e o piloto já fora
advertido por infringir essa norma.
Infelizmente, “devido ao mau tempo, o piloto perdeu a rota,
aproximando-se de Santa Cruz do Capibaribe, sem visualizar a pista de pouso
construída na gestão do prefeito Raimundo Francelino Aragão”.
E nada dava certo naquele fatídico 26 de maio de 1968. Via rádio – ressalta a revista –, Caboré se
comunicou com a base aérea do Recife, informando que estava perdido na área de
Campina (Grande) na Paraíba, mas a base entendeu que ele se referia a Carpina,
município da zona norte de Pernambuco. Aviões do Exército teriam sido enviados
para localizar a aeronave, porém sem sucesso.
A revista também assinala que, enquanto aguardava a escolta,
o comandante piauiense sobrevoou a área de Santa Cruz do Capibaribe. Perdido,
dava voltas pela zona rural até que o combustível acabou e o avião caiu no
Sítio Carreira de Pedras, por volta das 18h20.
Em 6 de setembro de 1980, Marcos Oliveira, filho do
comandante Caboré, teve destino igual ao do pai. Aos 30 anos, quando sobrevoava
uma região de garimpos em Itaituba (PA), seu avião caiu em mata fechada. “Seus
restos mortais só foram encontrados em fevereiro do ano seguinte”.
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Fonte: Deoclécio
Dantas.
PUBLICADA POR: AlonsoBisorão.
FONTE: http://www.cabecadecuia.com/
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