Sete trabalhadores piauienses foram
resgatados, na quarta-feira (26/03/2014), em condições análogas à de escravos
em obra de uma escola da Prefeitura de São Paulo-SP. Segundo o dirigente da Central
Sindical e Popular (CSP-Conlutas), Atnágoras Lopes, todos os operários são da
cidade de Barras e estavam vivendo em péssimas condições, sem receber salários
e sendo ameaçados.
"Nós ficamos sabendo da situação dos trabalhadores
pela mulher de outro operário resgatado no início do ano em Brasília-DF. Ela
nos ligou contando da exploração vivida por um dos pedreiros e nos passou o
contato. Imediatamente falamos com ele e marcamos um encontro na obra",
contou.
Atnágoras Lopes lembra ter recebido um vídeo feito pelos próprios
operários mostrando o alojamento em que eles viviam. O dirigente disse também
que visitou o local e se deparou com um ambiente pequeno, sem local apropriado
para dormir, banheiro improvisado, sem ventilação e alimentos jogados embaixo
da pia. "Esse registro foi no início de março e após coleta do material
abrimos um protocolo na Superintendência Regional do Trabalho de São Paulo, mas
após receber ligações dos operários relatando as ameaças e ver que nada tinha
sido feito, resolvemos nós mesmos retirarmos os trabalhadores daquele
lugar", destacou.
Os piauienses foram levados para
prestar queixa na delegacia e relataram as condições insalubres nas quais eram
submetidos, além das ameaças que estavam sofrendo nos últimos dias após
passarem a cobrar o salário. De acordo com o representante da Central, a
carteira de trabalho e outros documentos pessoais dos trabalhadores foram
retidos pelo 'gato', pessoa responsável pela contratação dos operários.
"Esta é a terceira vez que
resgatamos operários nesta situação somente este ano. Outros casos foram
registrados também em São Paulo e Brasília. Ao todo, dos 51 trabalhadores
salvos, 44 são de Barras-PI e estes dados já foram encaminhados para denúncia
nacional no órgão da presidência da República. Chama cada vez mais atenção que
Barras-PI tenha se tornado hoje exportadora do trabalho escravo",
ressaltou.
Um dos setes operários resgatados falou ao G1como
era a sua rotina e das ameaças que sofria. Antônio Francisco do Nascimento, de
30 anos, contou ser o mais velho do grupo, tendo o mais jovem 19 anos, e
aceitou ir para São Paulo após a promessa de receber o salário de R$ 4 mil.
"O gato conhecido como Johny fez várias promessas e no dia 25 de janeiro
já estavamos em São Paulo trabalhando. Em 40 dias na obra, com carga horário de
17h diárias, o único dinheiro que recebemos foi R$ 1 mil, que eles descontaram
a passagem, alimentação e nossa hospedagem, ou seja, não ficamos com
nada", recordou.
O operário comentou que as ameaças começaram quando os trabalhadores
passaram a cobrar os salários atrasados. Antônio disse ter ouvido por várias do
'gato' para pararem de reclamar, pois ele andava armado e se os operários
continuassem, alguém iria morrer. "Estamos aliviados de sair daquele lugar,
agora só queremos receber nossos direitos e voltar para nossas famílias no
Piauí. Queremos danos morais pelo o que sofremos, além do salário
atrasado", completou.
O caso dos trabalhadores está sob investigação da Polícia Civil de São
Paulo e uma reunião foi marcada com a prefeitura para que ela tome providência.
POSTADA POR: Alonso Bisorão.
FONTE: http://g1.globo.com/pi
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