Após resgatar 156 trabalhadores em situação análoga à
escravidão nas cidades de Luís Correia, Ilha Grande, Litoral do Piauí e em Picos, Sul do estado, a Superintendência
Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) irá intensificar a fiscalização para
regularizar a cadeia produtiva da extração dos derivados da carnaúba. De acordo
com o auditor do grupo especial de fiscalização rural, Robson Waldeck, os
trabalhadores estavam alojados no meio da mata e a água usada para beber era
retirada do rio. Além disso, o grupo não tinha assistência médica.
“Eles eram
submetidos à rotinas análogas a de escravos, alojados no meio do mato, entre as
árvores. Os trabalhadores que encontramos não apresentavam qualquer sinal de
acompanhamento médico, e alguns estavam acidentados por falta de equipamento de
proteção. A própria água que eles bebiam era retirada do rio e guardada em
tambores impróprios para armazenar líquido para consumo”, descreveu.
Segundo o auditor,
a situação dos trabalhadores encontrados na ação apresentava diversas
irregularidades. Para Robson, uma série de direitos trabalhistas estariam sendo
feridos durante o processo acompanhado.
O auditor ressaltou
ainda que os trabalhadores resgatados são trazidos de outros estados,
geralmente contratados por intermédio de pessoas que residem nos próprios
locais de origem, normalmente a mando de representantes das empresas. No caso
da ação realizada no Piauí, os contratados eram provenientes da cidade de
Granja, no Ceará. Três empresas de extração foram autuadas e devem pagar cerca
de R$ 120 mil em multas recisórias.
“Essas pessoas são
contratadas por meio de empreiteiros que os encaminham para o local de trabalho.
As empresas do ramo fazem uso de indivíduos que moram nas cidades onde os
trabalhadores moram e os instruem em como negociar os serviços. Nessa
negociação as empresas não participam diretamente”, conta.
Diante desse caso,
a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego irá intensificar a
fiscalização em todo o estado. Segundo Robson Waldeck, a regularização do
processo de extração é essencial para a formalização das etapas de produção,
que culminam na própria exportação dos derivados da planta.
“É importante ver
isso com atenção, pois o pó da palha da carnaúba depois de beneficiado gera uma
série de produtos, inclusive a cera, que tem um alto valor de exportação.
Cuidar da formalização das etapas de produção é vital no âmbito de se proteger
os direitos dos trabalhadores que participam da fase inicial desse processo.
Não se pode admitir que um produto que gera riqueza ser extraído com base em
condições degradantes por parte dos trabalhadores”, pontua o auditor.
Confirmando o
compromisso neste sentido, a superintendência vem intensificando o controle no
estado, a exemplo da ação realizada nas regiões de Picos-PI, Ilha Grande-PI e Luís Correia-PI, onde o órgão resgatou 156
trabalhadores em situação análoga a de escravos. A fiscalização que durou cerca
de dois meses acompanhou as atividades de um grupo de extração do pó da
carnaúba.
POSTADO POR: Alonso Bisorão.
FONTE: http://g1.globo.com/pi
Nenhum comentário:
Postar um comentário