Quem necessitar dos serviços de urgência e
emergência do Hospital Regional de Corrente-PI neste final de semana encontrará
um quadro inusitado: sem médicos nem enfermeiros, o enfermo terá que procurar
por clínicas particulares ou encaminhar-se, por conta própria, aos hospitais da
Bahia, já que há superlotação dos hospitais de Bom Jesus-PI e de outras cidades
da região também inviabilizarão o atendimento médico.
Sabe-se que os médicos reuniram-se em caráter
de emergência na última sexta-feira (09/01/2015), dadas às condições de
trabalho: falta de medicamentos, inclusive os básicos, como soro fisiológico,
remédios para febre, gaze, ataduras e termômetros; falta de alimentação para
servir aos pacientes, salários atrasados de parte da equipe e número
insuficiente de médicos e outros profissionais para cumprir as escalas dos
plantões, que estão sendo administrados pelos próprios médicos, já que desde o
dia 31 de dezembro o hospital encontra-se sem direção. Diante das condições
inviáveis de trabalho, decidiram suspender o atendimento médico durante o final
de semana.
A Promotora de Justiça da comarca de
Corrente, Gilvânia Alves Viana, informou ao Portal Corrente na tarde deste
sábado (10) que tentou entrar em contato com a Secretaria de Estado da Saúde do
Piauí (SESAPI), sem sucesso. “O fato de estarmos no final de semana dificulta a
ação do Ministério Público, mas em conversa com o ex-diretor clínico do
hospital, Dr. Jean Carlos Félix, fui informada das dificuldades e da falta de
condições de trabalho, principalmente por causa da ausência de direção no
hospital, o que resultou no afastamento dos profissionais contratados. Os
médicos efetivos estão cumprindo plantões de 12h e até 24h, e não há condições
de ampliar esta jornada de trabalho, que está no limite”, colocou.
Sobre a direção do hospital, a promotora
afirma que a SESAPI publicou uma nota informando que diretores interinos haviam
sido nomeados para os hospitais do interior, mas nenhuma informação foi enviada
à administração do hospital. “Sabemos que no hospital de Curimatá o diretor já
assumiu o seu cargo, mas os hospitais de Corrente-PI e Bom Jesus-PI ainda
aguardam pela chegada de alguém que assuma a direção e determine as medidas de
emergência que serão tomadas”.
A promotora também informou que faria uma
visita ao hospital ainda na tarde de sábado, com o intuito de constatar as
condições relatadas pelos médicos.
Apesar da saúde ser um direito básico
assegurado pela Constituição Federal, na prática os brasileiros tem sido vítima
do descaso e das mazelas políticas, principalmente na troca de mandatos entre
os agentes públicos. A Lei de Responsabilidade Fiscal tem impedido verdadeiros
assaltos aos cofres públicos, mas leis que assegurem uma transição de mandatos
segura e responsável ainda precisam ser aperfeiçoadas. As emergências médicas
são situação inevitáveis, não há como prever uma crise de saúde ou um acidente.
Durante todo o sábado, diversas pessoas
procuraram atendimento no hospital, sem sucesso, a exemplo de uma gestante em
trabalho de parto que chegou por volta das 14h em uma ambulância do SAMU, da
cidade de Riacho Frio, que nem mesmo foi avaliada. A central do SAMU orientou
os motoristas que seguissem para o hospital Gilbués-PI, que é de conhecimento
geral que não realiza partos.
PUBLICADA POR: Alonso Bisorão.
FONTE: http://portalcorrente.com.br/
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