Antônio Francisco Silva Barros, de 48
anos, marido da empregada doméstica Noêmia Maria da Silva, de 42 anos, contou
ao G1 nesta quinta-feira (12/02/2015) que passou mal e
precisou ser socorrido por amigos ao saber que sua mulher havia sido presa por
suspeita de participação no assassinato da primeira-dama de Lagoa do Sítio,
Gercineide Monteiro, de 34 anos, morta na terça-feira (10/02/2015) com um tiro
no ouvido. Segundo a Polícia Civil do Piauí, a empregada tinha um caso com o
prefeito, principal suspeito do homicídio, e chegou a esconder a arma do crime.
Os dois estão presos em Teresina e negam a autoria do assassinato.
O marido de Noêmia, Antônio Francisco, disse que estava
em casa, na cidade de Lagoa do Sítio, quando soube que sua mulher havia sido
presa. A detenção ocorreu ainda na manhã de terça-feira, poucas horas depois
que o corpo da primeira-dama foi encontrado. Antônio Francisco contou ter
passado mal e disse que precisou ser socorrido por amigos, mas não chegou a
receber atendimento médico.
Para ele, a sensação foi de choque e total surpresa.
Antônio Francisco disse que na cidade não há muitas notícias sobre como o crime
aconteceu, mas que confia na mulher. “Eu não vi nada, contaram que ela foi
presa e eu tive que me deitar e só uma hora depois consegui ficar de pé. Não
sei ainda o que aconteceu, as informações são poucas. Meus amigos me acalmaram,
dizendo que ela foi para Teresina só para esclarecer tudo, mas que logo estará
de volta”, relatou.
De acordo com o delegado Willame Moraes, gerente de
polícia do interior, Noêmia disse em depoimento que mantinha um relacionamento
amoroso com o prefeito há dois anos e que nem seu marido ou a primeira-dama
sabiam do caso. Sobre o assunto, Antônio Francisco disse que o fato é
totalmente desconhecido por todos. “Nunca soube disso. Eu ainda não tive a
chance de conversar com ela desde que ela foi para Teresina, então não sei dos
detalhes. Mas eu confio muito nela, acredito na minha mulher”, disse Antônio
Francisco.
O marido de Noêmia é funcionário da prefeitura de Lagoa
do Sítio há 28 anos, onde trabalha como entregador. Ele e Noêmia têm dois
filhos, um jovem de 23 anos e uma garota de 22 anos, que é casada e reside em
São Paulo. O filho mais velho mora com os pais em Lagoa do Sítio e, segundo
Francisco, está bastante abalado. “Ele nem fala sobre isso, estamos todos muito
chocados”, finalizou.
De acordo com o advogado Renato Sátiro, que assumiu a defesa
de Noêmia, a empregada doméstica trabalhava há cinco anos na casa do prefeito e
da primeira-dama e cometeu um único erro no caso, o de atender ao pedido de
José de Arimateas, marido da vítima, para esconder a arma. “Ela era uma
funcionária tão boa que acabou atendendo ao pedido do patrão de esconder a
arma. Esse foi o grande erro”, declarou. Ele disse ainda que vai pedir que ela
acompanhe o processo em liberdade.
ENTENDA O CASO:
A primeira-dama Gercineide Monteiro foi morta na
terça-feira (10/02/2015) com um tiro no ouvido, enquanto dormia na sua casa em
Lagoa do Sítio. No primeiro momento, a polícia chegou a acreditar que a morte
se deu forma natural pela ausência de vestígios de violência no corpo da
vítima, mas exames realizados pelo Instituto Médico Legal (IML) em Teresina-PI
acusaram que a vítima foi assassinada. Ela foi atingida com um tiro no ouvido
enquanto dormia, em sua casa.
Durante as investigações, a Polícia Civil disse que o
crime foi cometido por José de Arimateas, prefeito de Lagoa do Sítio-PI e marido
da vítima, com ajuda da empregada Noêmia Maria da Silva, de 42 anos. Ela teria
escondido a arma usada no assassinato a pedido do prefeito, segundo a polícia.
Os dois foram presos no mesmo dia do crime, mas negam a autoria do assassinato.
Eles não foram indiciados pela Polícia Civil, que tem 30 dias para finalizar o
inquérito. Caso sejam condenados pelo o homicídio, podem pegar até 30 anos de
prisão.
Segundo a polícia, o prefeito matou a mulher por ciúmes,
ao suspeitar que era traído. Os suspeitos estão presos: José de Arimateas na
Delegacia de Polícia Interestadual (Polinter) e Noêmia na Penitenciária
Feminina, ambos em Teresina. O corpo da primeira-dama Gercineide Monteiro foi
enterrado na tarde dessa quarta-feira (11/02/2015) na cidade de Lagoa do Sítio-PI.
Ela e o prefeito eram casados há 13 anos e tinham dois filhos, que estão com a
família da vítima.
O irmão de Gercineide, José Nilton de Sousa Filho,
preferiu não comentar sobre a suposta participação do cunhado na morte da irmã
e disse que a família está muito abalada. "O prefeito era como um irmão
para mim, eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer", finalizou.
PUBLICADA POR: Alonso Bisorão.
FONTE: http://g1.globo.com/pi
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